A denominação "Criança azul" vem do tom azulado do Aglomerado das Plêiades
Recentemente, fui convidado para uma palestra de astronomia com observação
ao telescópio. Eu acreditava que, com 29 anos de experiência seria o convidado
para proferir a palestra. Obviamente, não fui. Fiquei atento à cada palavra,
pois não sou o sabe tudo da astronomia, mas um curioso sobre tudo na
astronomia.
No meio da palestra, comecei à ouvir algumas informações conflitantes com
os meus parcos conhecimentos. Duas me chamaram à atenção: “Crianças azuis (ou
Indigo) e Zona de Fotons no aglomerado das Plêiades”. A situação piorou quando foi afirmado que Sir
Edmund Halley havia previsto sobre o fenômeno.
Ora, Halley apenas estudou o movimento das Plêiades, mas sem descobrir
nenhuma zona de fótons.
A suposta Zona de Fótons |
Tudo isto se transformou em informação nova que nos meus 29 anos de estudos
astronômicos, leituras e contatos com cientistas, nunca havia ouvido !
Uma senhora que estava ao meu lado, fez a seguinte pergunta: “Você não vê a
novela das 6. Aquela que tem uma menina com um telescópio?” Foi ai que eu me
toquei – Estava na Chapada dos Guimarães, local conhecido pelo seu esoterismo e
apelo ufológico. E ainda por cima, o fato de eu não ter sido o palestrante...
Tudo se encaixou.
Resolvi fazer uma pesquisa emergencial sobre o assunto e fiz descobertas
interessantes !
Em 1991, uma revista chamada NEXUS,
publicou um artigo intitulado: “A História do Cinturão de Fótons”. Uma história
sem pé e sem cabeça, que infelizmente foi levada à sério por muitas pessoas até
os dias atuais.
Por se tratar de uma história romântica, acabou virando uma espécie de
Mitologia moderna ao redor do aglomerado das Plêiades, na constelação de Touro.
Por tão absurda que é, trata-se de um conto pseudocientífico do qual só fiquei
sabendo em Maio de 2012.
Trata-se de um misto de uma mistura de ignorância científica e histórica,
ingenuidade, supostas mensagens de seres espaciais, com uma boa pitada de
ensinos espiritas, alimentada por uma má interpretação do pensamento
científico. Ah, eles misturaram também a citação de Jó 38:31: “Podes atar as
cadeias das Plêiades, ou soltar os atilhos do Orion?”
A teoria afirma que em 1961, instrumentos instalados em um satélite
descobriram uma anél de Fótons próximos das Plêiades e que se estende por 400
anos-luz.
Citando uma figura desconhecida (Não é astrônomo, não é pesquisador da
NASA, não é nada...) por nome José Comas Sola, afirmam que o nosso Sol entra dentro
da órbita deste sistema à cada 24.000 anos, passando alternadamente 10.000 anos
na “escuridão” e 2000 anos na Luz.
Foi construído um diagrama que acompanhava o artigo, nos qual 6 estrelas
das Plêiades eram mostradas e considerando o nosso Sol como a 7ª estrela das
Plêiades.
Um repórter cético, ao ligar para a Australian UFO Research Flying
Magazine, foi informado que a “história” havia sido escrita por um estudande
universitário, talvez estudante de física, porém ninguém soube dizer aonde ele
tinha obtido tal informação.
Diversos astrônomos e observatórios consideram a história toda uma grande
piada, pois nunca foi observado sobre a tal Faixa ou cinturão de Fótons. Outro
fato interessante é que satélites da década de 60 estavam interessados em
telecomunicações e muitos equipamentos sofisticados só foram inventados anos
mais tarde. Não é o caso de “segredos escondidos”, mas sim de coisas que nunca
ocorreram, pois simplesmente não houve nenhuma pesquisa à respeito.
De acordo com outras informações que eu pesquisei, este “Cinturão de
Fótons” é supostamente preenchido por uma ZONA ELETROMAGNÉTICA NULA, uma
espécie de um vácuo de energia desprovido de campos electromagnéticos.
O problema é que satélites tais como IRAS, HUBBLE e ROSAT nunca detectaram
nada. Ou Seja, a tal “zona nula” não existe.
O suposto MANASIC RING |
Seja lá que for
ou tenha sido o tal de José Cornas Sola, ele estava bastante errado. Nosso Sol
não faz parte das Plêiades, e nem tampouco órbita ao redor do lindo aglomerado.
As Plêiades estão a aproximadamente 125 parsecs ou 407.5 anos luz de nosso sistema solar.Um cálculo rápido mostra que se nosso Sol estivesse nesta órbita, então sua velocidade orbital seria de 0.107C, ou um pouco mais de um décimo da velocidade da luz.Isso equivale a aproximadamente 32.000 km / seg.Esta velocidade seria aparente, não só para astrônomos, mas a todos, como as constelações mudariam dramaticamente no curso de uma única vida se isto fosse verdade.
As Plêiades são um agrupamento de aproximadamente 100 estrelas com uma idade média estimada em 78 milhões de anos.Estas são estrelas muito jovens, muito mais jovens que nosso próprio Sol, estimado em 5 bilhões de anos, muito mais jovens, mesmo que o nosso próprio planeta, a Terra.
Estrelas azuis são muito quesntes, estrelas brilhantes do tipo B espectral,
muito mais quente e cerca de 10 vezes mais massivas que nosso Sol, tipo
espectral G. Elas ainda não se afastaram da nuvem de gás interestelar, ou
nebulosa, da qual se formaram.Remanescentes
desta nebulosa podem ser vistos prontamente em fotografias do grupo. Tem
sido sugerido que esta nebulosidade, névoa brilhando com a luz das estrelas no
interior, é o que deu origem ao mito do CINTURÃO DE FÓTONS.
Estudos dos movimentos das estrelas do aglomerado mostram que elas estão em
processo de dispersão, ou seja, não há evidência de que nada esteja em órbita
da estrela Alcyone, como alega o diagrama da revista.
Outro fato científico é que até hoje nenhum planeta foi encontrado ao redor
destas estrelas, pois se tratam de estrelas jovens e a formação planetária pode
levar muito mais tempo.
Para lançar uma “pá de cal” neste assunto, nem Edmund Halley,
nem Friedrich Wilhelm Bessel jamais se envolveram em qualquer estudo ou
hipótese de uma possível órbita do Sol em torno de Alcyone. Halley e Bessel
estudaram as Plêiades, mas seus estudos foram voltados para o movimento próprio
de suas estrelas, o que nada tem a ver com as ideias de Paul Hesse.
Paul Otto Hesse- escritor esotérico alemão, publicou em 1949
um livro intitulado “Der Jüngste Tag” (The Recent Day) em que apresentou suas ideias
sobre o Sol orbitando Alcyone e a existência do cinturão de fótons. É possível
que neste livro ele tenha citado de forma abusiva os dois astrônomos. Em um dos
textos que encontrei, afirma-se inclusive que Hesse recebeu o Premio Nobel de
Ciência !
Portanto, nenhum astrônomo jamais calculou qualquer órbita de 26.000
anos, do Sol em torno de Alcyone, foi tudo imaginado pelo escritor alemão.
Nosso sistema solar tem de 4,5 a 5 bilhões de
anos, como poderia orbitar uma estrela que não tem mais de 100 milhões de anos
? Todas as estrelas da nossa galáxia se movem, assim como o nosso Sol. Algumas
se afastam de nós, outras se aproximam, os astrônomos já determinaram que o Sol
segue na direção aproximada da estrela Vega, da constelação da Lira.
É muito romântico pensar em nosso planeta saindo da escuridão para a luz, embora eu não ache que nossa fauna noturna fosse concordar.Um dilúvio de fótons das Plêiades não salvará o planeta, nem transformará seus habitantes em Atmosféricos iluminados.
É muito romântico pensar em nosso planeta saindo da escuridão para a luz, embora eu não ache que nossa fauna noturna fosse concordar.Um dilúvio de fótons das Plêiades não salvará o planeta, nem transformará seus habitantes em Atmosféricos iluminados.
O por que do
meu interesse no assunto? Esta história de zona de fótons das Plêiades tem
haver com a suposta imersão do nosso sistema solar, resultando do nascimento de
Crianças Índigo – Crianças de Plêiades ou Crianças azuis. Ou seja, a apelação
da Nova Era e do espiritismo para dizer que após 1997 (Início da Era de
aquário) teve o início do nascimento de crianças superdotadas como resultado da
reencarnação de outras gerações. Aqui está o enredo da novela AMOR ETERNO AMOR. Em pensar que tudo começou com a outra novela - Escrito nas estrelas...
A menina "azul" da novela falando com um espírito; O Telescópio apenas uma desculpa |
Bem, então como
não existe a tal Zona de Fótons, também não existem Crianças Azuis. Mas isto é
tema de outro artigo. Concluo lembrando a Bíblia, que diz: “...que
o mundo inteiro jaz no malígno.” (1 João 2:15-18) Assim, desde
a queda estamos na escuridão.
Deus,
entretanto, providenciou a Sua Luz para o povo que andava nas trevas. Isaías
afirma: “ O povo que andava em trevas viu uma grande luz,
e aos que habitavam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” Is
9.2
Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas
terá a luz da vida” João 8:12 Porém muitos preferem contos e fábulas, do que a
simples solução planejada pelo Criador do Universo.
Eduardo Baldaci é Pastor
Batista, Bel em Teologia pelo STBN, apresentador do Programa “De Olho no Céu” e
um dos 6 Astrônomos Amadores brasileiros reconhecidos pela NASA.
Olá Eduardo.Parabéns, ótimo artigo. Temos que divulgar ao máximo a ciência, ela chega para poucos enquanto que o esoterismo chega para muitos. É uma briga desigual mas não podemos desistir.
ResponderExcluirAbraço.
Izael R Santos
Grupo de Estudos Astronômicos de Rio Claro - SP
Ivonete Alves/23 de fevereiro de 2015:Eduardo obrigado por existir em nos ajudar em constelações.
ResponderExcluirFirst of all, I would like to thanks a lot for writing such an informational blog on bba in amity university
ResponderExcluir. I got here, what I wanted.